Novembro, mês representativo das lutas de combate ao racismo, teve uma programação especial nos espaços escolares da rede estadual de ensino. A iniciativa fortalece o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira, conforme Lei nº 10.639/03/2003.
Neste sábado, 20, Dia da Consciência Negra – em celebração da morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros do Brasil –, vários colégios estaduais de todo o Estado se dedicaram à realização de atividades com o objetivo de reavivar a reflexão sobre a condição atual do negro na sociedade brasileira e reforçar as lutas de combate ao racismo.
No Colégio Estadual Polivalente de Amaralina (CEPA), em Salvador, a comunidade escolar está envolvida, desde o último dia 9, com a Jornada Polieducativa: diálogos sobre raça e saúde, que tem como tema “Ver, viver e escrever”.
A diretora Maria Conceição Ferreira explicou que a jornada tem o objetivo de “contribuir com a construção do pensamento crítico e o cuidado com o corpo e a saúde mental”. O estudante Jhonata Souza, presidente do Grêmio Estudantil do CEPA, representando os colegas, ressaltou a importância do evento. “Para nós, estudantes, a jornada está sendo extremamente gratificante. Estamos nos sentindo incluídos em processos que antes pareciam distantes e, também, estamos aprendendo muito sobre a temática, de uma forma leve e dinâmica”.
O professor Denilson de Alcântara falou sobre a importância deste debate. “A jornada nasceu da necessidade de discutir e desconstruir, no campo da Educação, com ações efetivas, o racismo estrutural que se coloca para a sociedade brasileira. Este racismo, construído historicamente e que acomete os nossos corpos, criando uma relação injusta, desleal e desigual, precisa ser entendido para ser combatido. E ele só pode ser entendido à medida que aprofundamos a discussão de como ele se aprofunda nas relações cotidianas de produção, de amizade, de trabalho”. Temas como arte negra, intolerância religiosa, imagem do negro no passado e na contemporaneidade, e gênero e raça na construção do pensamento cientifico estão na pauta do evento, que prossegue até 9/12.
A comunidade escolar do Centro Educacional Monteiro Lobato, no município de Firmino Alves, realizou uma série de oficinas voltadas à temática. Neste sábado, aconteceram três delas: “Afetividade e negritude: uma conversa sobre valorização e humanização de narrativas negras”, com Andressa Soares; “Reconhecendo a questão racial”, com Brenda Andrade e Inez Carvalho; “Cinema e audiovisual: a importância da representatividade negra nas telas”, com Jonatas Bispo.
A estudante Aedra Oliveira Alves, 2° ano, falou sobre a importância do evento. “O combate ao racismo é uma questão de conscientização, é uma luta da defesa e da raiz cultural do negro. As atividades são importantes para mobilizar toda a comunidade e jovens para quebrar tabus e trazer laços de união e aceitação”. A professora de Sociologia, Franciele Brito Barbosa, destacou que, nos espaços escolares, os jovens constroem suas identidades e constantemente são colocados frente aos preconceitos e racismo existentes na sociedade. “Neste sentido, eventos como este proporcionam a discussão sobre a construção da identidade negra, a partir da valorização, do reconhecimento e da reparação da identidade dos nossos jovens negros. Seguimos resistindo!”.
Ainda no Colégio Estadual Quilombola Luís José dos Santos, distrito de Lages dos Negros, em Campo Formoso, os estudantes puderam participar de ações que refletiram sobre questões do empoderamento de mulheres negras e debates sobre preconceito racial.
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