Após ceder à pressão do presidente Jair Bolsonaro para reajustar os salários de policiais federais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou na sexta, 17, a possibilidade de governadores e prefeitos de conceder aumentos ao funcionalismo a partir de 2022.
“Mal nos levantamos, está cheio de Estados, municípios e categorias pedindo dinheiro de novo. Estamos recuperando o emprego, com salários um pouco mais baixos, pois a economia não retomou vigor. Se todos tiverem esses aumentos, será uma desonra com as novas gerações”, afirmou Guedes, em entrevista coletiva em que fez um balanço do ano.
“A inflação não terá uma alta temporária, mas permanente, e o Brasil voltará a ter um futuro tenebroso. Nosso papel é não deixar que isso ocorra”, disse o ministro, que lembrou que o veto para reajustes a todo funcionalismo (incluindo Estados e municípios) aprovado na pandemia vai até 31 de dezembro deste ano. Essa foi uma contrapartida exigida pelo governo federal para transferência de mais de R$ 70 bilhões aos cofres regionais
Pressão
Apesar das críticas feitas ontem, o próprio Guedes um dia antes enviou ofício ao Congresso para pedir a inclusão de gasto extra de R$ 2,8 bilhões no Orçamento de 2022 para bancar reajustes a servidores. Segundo o ministro, R$ 2 bilhões serão para bancar a reestruturação de carreiras da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Os outros R$ 800 milhões são para reajustes a outras duas categorias que ele não quis revelar. “Se eu disser as categorias, todo mundo quer”, afirmou.
Bagunça’
“Conversei abertamente com o presidente Bolsonaro e com o ministro Anderson Torres (Justiça). O presidente pega categorias que acha que são favoráveis e fala que quer fazer reestruturação de cargos, e sugeri fazer na reforma administrativa. Agora uma porção de gente vai pedir reposição salarial também, e isso é uma ameaça. Vai virar bagunça, cuidado”, disse.
Além das carreiras de segurança, uma das bases de apoio do governo, Bolsonaro já prometeu reajuste para todos os servidores em 2022, ano em que disputa a reeleição. “Reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja de 1%”, disse em entrevista à Gazeta do Povo no dia 8.
Correios
Sem conseguir privatizar nenhuma estatal desde o início do governo Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a privatização dos Correios como prioridade do governo no Congresso em 2022.
Para Guedes, será “inadmissível” que o governo não consiga privatizar no ano que vem a estatal que tem o monopólio postal e a Eletrobras, de geração e distribuição de energia. “Não é possível que um governo que se elegeu prometendo isso não possa vender duas empresas que estão descapitalizadas.”
Correio * As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.