Com uma frequência crescente, muitos jovens têm usado anabolizantes derivados da testosterona para acelerar o ganho de massa muscular ou o processo de emagrecimento, sem conhecer o risco dessas medicações. O hábito “virou moda” não somente entre atletas, mas também entre jovens, homens e mulheres, que frequentam academias.
Os riscos para a saúde incluem desde “simples” icterícia – pele e olhos amarelados, edemas, tremores e acne até disfunções hepáticas, cardiovasculares e/ou psiquiátricas. A reposição do hormônio é indicada para homens que, comprovadamente, apresentem o problema, e só deve ser feita mediante prescrição médica.
Infertilidade nos homens, masculinização do corpo da mulher, retenção hídrica, dores nas articulações, aumento da pressão sanguínea, alteração do metabolismo do colesterol, exacerbação da apneia do sono, estrias e maior tendência às lesões do aparelho locomotor em ambos os sexos também integram a longa lista de possíveis efeitos dos anabolizantes no corpo humano. Isso sem falar que quem utiliza a substância injetável corre o risco de compartilhar seringas contaminadas e se infectar com HIV, hepatites e outras doenças graves.
Segundo o urologista André Costa Matos, atual coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia seccional Bahia (SBU-BA), o consumo dessas substâncias vem sendo estimulado de forma equivocada por profissionais de saúde que se apresentam nas redes sociais como representantes da “medicina do futuro” e “paladinos” da vida saudável.
“O colega da academia ou o profissional da saúde’ que, sem critérios científicos, recomendam a substância, só falam sobre potenciais ‘benefícios’, nunca sobre os riscos. É verdade que nem todas as pessoas que usam anabolizantes vão sofrer graves consequências, mas será que quem usa está disposto a assumir os possíveis efeitos adversos? Sinto que é meu papel alertar os jovens”, declarou o médico, que atende pacientes nos Hospitais São Rafael e Aliança (Rede D’or).
Ainda de acordo com o especialista, medicações indicadas para tratar deficiência de testosterona podem ser consumidas, mediante prescrição médica, por homens com sintomas comprovadamente relacionados aos baixos níveis hormonais, tais como redução do libido, depressão, inapetência, indisposição, perda de massa muscular e óssea, lembrando que é possível que o quadro tenha outras causas.
“A suplementação de testosterona em homens com hormônios normais não melhora depressão, indisposição ou desejo sexual”, destacou o urologista, que integra os grupos URO+ Urologia Avançada e Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia.
A solicitação de exames laboratoriais, quase todos desnecessários, antes do uso dessas ‘fórmulas mágicas’, a fim de respaldá-las, não tem base científica nem é orientada pelas sociedades médicas. Os efeitos positivos na forma física são explicados não apenas pela testosterona, mas também pela mudança de estilo de vida que acompanha o “tratamento”, principalmente no que diz respeito à dieta saudável e à prática de exercícios físicos.
“As pessoas precisam ficar atentas aos riscos ao invés de se deixarem enganar por anúncios perigosos ou fake news que circulam aos montes nas redes sociais”, concluiu André Costa Matos.
Por: Carla Santana