Em Serrinha, no território do sisal, o governador em exercício, Geraldo Júnior, se juntou a cerca de dez mil fiéis na Procissão do Fogaréu, realizada na noite de quinta-feira (6). A tradição católica, que em 2023 completa 93 anos, percorreu a zona turística Caminhos do Sertão, com cinco quilômetros de extensão, levando um multidão com velas acesas, da Catedral de Serrinha até a Colina de Nossa Senhora de Sant’Ana. Antes do trajeto, a missa do Lava-Pés celebrada pelo bispo da Diocese de Serrinha, Dom Hélio Santos, abriu as celebrações do Tríduo Pascal.
Atendendo ao convite da Diocese para doação de alimentos, o governador em exercício entregou 600 cestas básicas arrecadadas pelo programa Bahia Sem Fome para a população em situação de insegurança alimentar da cidade. “Muita fé e muita devoção. Hoje, na Procissão do Fogaréu, o tema é Fraternidade e Fome. São 33 milhões de brasileiros e de brasileiras, e quase dois milhões de baianas e baianos que estão no mapa da fome. Esse não é um programa do Governo do Estado, é de todos nós. Estamos de mãos dadas contra a fome, porque a fome não espera”, disse Geraldo, que estava acompanhado do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso.
Reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac), desde 2019, como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, a Procissão de Serrinha este ano conta com apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Turismo (Setur). “A Procissão do Fogaréu nos ajuda a recordar o movimento que Jesus fez de ser captado pelos soldados para, hoje, dizermos ‘estamos vivos’. Depois da pandemia, a vida continua, sempre caminhando por meio da fé. Você, que tem o seu, compartilhe com os irmãos, porque, assim, todos nós teremos o pão nosso de cada dia”, declarou o pároco da Catedral de Serrinha, Padre George Roberto.
A caminhada foi marcada por manifestações de fé de pessoas de todas as idades. A maquiadora Daniela Santos, 27 anos, conseguiu participar da procissão pela primeira vez. “Estou achando maravilhoso, doida para chegar logo na santa, para ter aquela sensação de estar a primeira vez lá”, contou a jovem, que é moradora da zona rural e tinha dificuldade de ter acesso à procissão nos anos anteriores.
História
Em um cenário de grande seca que marcou o início da década de trinta do século passado, o recém nomeado Padre Carlos Olympio Sylvio Ribeiro, pároco da Freguesia de Serrinha, realizou grandes procissões de penitência rezando pelo fim da estiagem que causava dor e sofrimento ao povo serrinhense. Neste contexto, tem-se início a Procissão do Fogaréu, realizada na quinta-feira da Semana Santa de cada ano.
Durante o percurso, são realizadas diversas paradas com o toque da matraca, o canto do Senhor Deus e meditações. Ao chegar à Colina da Santa, onde há um mirante com uma grande imagem de Senhora Sant’Ana, padroeira da cidade, o bispo faz uma breve homilia unindo o sofrimento de Cristo aos problemas contemporâneos.
CN | Secom/BA