A empresa Stanley, responsável pelos conhecidos copos térmicos, está respondendo a processos na Justiça norte-americana por não informar os consumidores sobre a presença de chumbo no produto. As informações são do jornal O Globo.
Segundo o Huffpost, são pelo menos três ações judiciais contra a empresa, incluindo uma no início de fevereiro e duas na semana passada.
O tópico viralizou nas redes sociais após uma mulher fazer um teste caseiro que detectou o metal pesado nos produtos, e a empresa confirmar publicamente as suspeitas.
A Pacific Market International (PMI), que adquiriu a Stanley em 2002, afirmou que o material de vedação estava coberto com uma camada de aço inoxidável, tornando o chumbo inacessível aos consumidores. Mas, mesmo assim, os consumidores argumentam que o aviso só veio depois do assunto viralizar.
“O principal mercado-alvo da PMI são mulheres profissionais jovens em idade fértil, como as quatro demandantes nomeadas que apresentaram esta reclamação. A PMI gasta enormes somas para chegar a esse mercado, pagando influenciadores para anunciar copos Stanley como produtos seguros e duráveis”, diz um processo movido por mulheres da Califórnia.
As ações também alegam que, com danos ou uso regular, o selo de vácuo poderia se romper e expor os consumidores ao chumbo. A garantia da PMI é “provável que engane os consumidores razoáveis, pois não avisa os consumidores sobre o potencial de danos ao selo a vácuo e não divulga quanto chumbo está presente em cada copo de tumbler”, afirmou uma ação movida por uma mulher de Nevada.
Um terceiro processo de uma mulher na Califórnia afirma que a PMI “anuncia e vende os copos Stanley aos consumidores com a garantia de que eles podem ser usados durante a atividade (ou seja, caminhadas e escaladas) onde um consumidor poderia cair e/ou danificar os copos Stanley”.
Em nota enviada ao GLOBO, a fabricante confirmou que os copos Stanley têm chumbo em sua composição. O metal é utilizado para vedar a base do copo, mas, segundo a empresa, está protegido por um revestimento de aço inoxidável que impede o contato direto com o consumidor.
“A Stanley esclarece que não há chumbo em parte alguma da superfície de seus produtos que entre em contato com o consumidor, ou com líquidos e alimentos que estejam sendo consumidos. A marca utiliza um processo de fabricação que segue o padrão global da indústria para realizar o selamento na parede externa e garantir o isolamento a vácuo. Este material de vedação inclui uma parcela de chumbo em sua composição. No entanto, uma vez selada, esta área é coberta por uma camada não removível de aço inoxidável, tornando-a inacessível aos consumidores.”
A empresa ainda afirmou que “na rara ocorrência desta tampa de inox se soltar, devido a algum caso extremo, possivelmente expondo o selante, este continuará sem contato com o conteúdo, sendo o produto devidamente coberto pela Garantia Vitalícia oferecida a todos os itens Stanley”.
“A marca garante que seus produtos atendem a todas as exigências regulatórias dos EUA e Europa, incluindo a Prop65, e esclarece ainda que testa e valida a conformidade de todos os itens por meio de laboratórios terceirizados credenciados pela FDA, que verificam se os produtos seguem diretrizes rigorosas, incluindo, entre outros, os requisitos regulatórios de BPA/BPS, PFOS e ftalatos”, finaliza a empresa.
A intoxicação por chumbo mata anualmente cerca de 5,5 milhões de adultos de 25 anos ou mais por causa de doenças cardiovasculares, estima um estudo realizado por economistas do Banco Mundial, usando dados do projeto Global Burden of Disease (GBD), que coleta estatísticas de saúde.
No Brasil, o Inmetro fez um pente-fino para encontrar chumbo em diversos produtos na última década, e constatou que a maior parte dos setores já avançou nas práticas de eliminação desse material pesado na indústria. Foram encontradas, porém, algumas marcas de tintas com teor de chumbo acima do recomendado
Em 2023, o instituto avaliou a indústria de joias e bijuterias, e constatou que 9% dos produtos tinham chumbo ou cádmio (outro metal pesado tóxico) além do limite estipulado.
Fonte: Correio