Em resposta as declarações do cantor Igor Kannário durante sua apresentação no domingo (21), último dia de Micareta de Feira, o coronel Adelmário Xavier, do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), disse ao Acorda Cidade que faltou uma reposta mais rígida da Polícia Militar em relação ao comportamento do cantor. Ele declarou que o artista deveria ter sido conduzido em flagrante por desacato a funcionário público em serviço e que se estivesse na hora iria retirá-lo de cima do trio.
Durante a festa o cantor parou de cantar para pedir a punição a uma policial feminina após acusá-la de agredir foliões durante a festa. Ele disse ainda que era mais autoridade que a policial por ser um vereador.
“Infelizmente quando isso chegou ao meu conhecimento eu já tinha saído do circuito porque se eu chego perto dele, o procedimento normal era deixar terminar a apresentação e conduzi-lo à delegacia. Se eu chego no momento eu iria arrancá-lo do trio e se caso fosse eu iria fazê-lo engolir aquele microfone para ele aprender a respeitar as pessoas e a Polícia Militar da Bahia”, declarou o coronel.
No Instagram de Igor Kannário, a assessoria de comunicação disse que o cantor ficou abismado com a ação da polícia em Feira de Santana e que ele pedirá a designação de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Salvador, para que o comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Anselmo Alves Brandão, dela participe e esclareça os fatos e as providências.
A assessoria comunicou ainda que Kannário vai entregar uma representação ao Procurador Geral do Ministério Público do Estado da Bahia e para a Corregedoria da Polícia Militar “para que apurem a violência praticada”.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP), por sua vez, afirmou por meio de nota enviada ao Acorda Cidade, que vai apurar os supostos excessos cometidos na festa, na qual participaram as corregedorias da PM e da SSP em regime de plantão, para receber qualquer tipo de denúncia abuso policial.
O coronel Adelmário Xavier disse que antes do desfile do cantor enviou um aviso para que ele se comportasse como artista. Ele disse também que a atitude mais rígida da PM visando prevenir ocorrências durante a passagem de Igor Kannário incomodou o cantor.
“O que incomodou Igor Kannário foi que ele sabe que quando ele passa na avenida a atitude da PM precisa ser mais rígida e em maior número pelo que ele apresenta ou induz seus seguidores a fazer. Desde a saída dele no início do circuito um número grande de patrulhas vinha o acompanhando coibindo qualquer abuso e isso incomodou Igor Kannário. Isso é um ponto. Outro ponto: Igor Kannário em cima do trio conseguiu vislumbrar uma PFem (Policial Feminina) com colete e capacete que a gente não consegue debaixo do trio, então eu posso acreditar que o kannário estava sonhando. Terceiro ponto: ser autoridade não necessariamente é ser vereador. Tem que ter qualidades, caráter, moral e isso não dá a Igor Kannário a condição de autoridade. Ele é um projeto que precisa respeitar a pessoas. Mandei um aviso no trio para ele se comportar com decência e como artista e ele concordou, mas quando chego no final do percurso ele fez uma coisa dessa (…). Ele seria preso em flagrante”, declarou” afirmou.
O comandante do CPRL informou ainda que está concluindo um relatório descrevendo o que ocorreu para encaminhar ao comando-geral da Polícia Militar e que não viu nas filmagens nenhuma irregularidade em relação a PFem.
Leia na íntegra as notas das assessorias comunicação de Igor Kannaário e da SSP:
Nota de Igor Kannário
O cantor Igor Kannário, em sua apresentação na Micareta de Feira de Santana que ocorreu neste domingo dia 21 de maio, ficou abismado e surpreendido com o que viu do alto do trio elétrico. Teve que parar de tocar várias vezes em razão da violência policial. Em seguida, uma policial feminina fez um gesto obsceno e falou palavras de baixa calão para ele, que, indignado com o ocorrido simplesmente reportou-se à Pfem pedindo-lhe respeito.
Em outro momento Kannário pediu para banda parar de tocar por visualizar um policial militar agredindo crianças, mulheres e trabalhadores sem motivo algum, falando o mesmo estaria “queimando” a instituição Polícia Militar, e que aquela conduta demonstrava o despreparo para exercer tal função. Deixou claro, entretanto “o máximo respeito” que tem para a toda a Polícia Militar e, em cima do trio, informou ao Prefeito da Cidade José Ronaldo, que tinha acabado de falar com o comandante da PM em Feira de Santana e que a autoridade pediu “mil desculpas” pelos fatos ocorridos, e solicitou que José Ronaldo conversasse com o mesmo para que esse tipo situação fosse resolvida e que as devidas providências fossem tomadas para punir os culpados.
O cantor esteve em todo o momento preocupado com a integridade das pessoas que ali estavam para aproveitar seu show. Diante de tal situação, Igor Kannário pedirá a designação uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores, para que o Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Ancelmo Alves Brandão dela participe e esclareça os fatos e as providências. E apresentará uma representação perante o Procurador Geral do Ministério Público do Estado da Bahia e para a Corregedoria da PM apurem a violência praticada.
Atenciosamente.
Assessoria de Comunicação.
Nota da SSP
A Secretaria da Segurança Pública enfatiza que a Polícia Militar da Bahia é uma das mais qualificadas no Brasil em atuação em grandes eventos, servindo, inclusive de modelo para outros estados, que com frequência procuram a Bahia para ter acesso aos modelo de policiamento utilizado em multidões. Assim como as demais forças de Segurança do estado, a PM- BA foi destacada com a melhor nota das avaliações da Copa do Mundo 2014 e, nas Olimpíadas Rio 2016 não foi diferente.
A SSP ressalta ainda que está aberta a toda crítica fundamentada às polícias estaduais e que vai apurar os supostos excessos cometidos durante a Micareta de Feira de Santana, evento no qual participaram as corregedorias da PM e da SSP em regime de plantão, para receber qualquer tipo de denúncia abuso policial.No entanto, a SSP entende que levantar e instigar uma disputa de poderes em um evento público, inclusive desqualificando a centenária e respeitosa Polícia Militar não são condutas esperadas de um artista e membro do legislativo.
Ressalta ainda que o fato está sendo avaliado e que, caso se configure desacato, a SSP tomará as providências judiciais cabíveis. Por fim, a SSP reafirma que todo excesso policial deve ser denunciado, seja através da Ouvidoria Geral 3450-1212, redes sociais da instituição (Facebook, Twitter, Instagram), Disque-Denúncia (71 3235 0000) ou por meios das corregedorias policiais.
Acorda Cidade