Revolta. Essa é a palavra que define o sentimento de policiais militares da Bahia nesta segunda-feira (29). A morte do colega Wesley Góes ontem (28), em Salvador, após protesto no Farol da Barra, mexeu com os ânimos da categoria e várias manifestações foram convocadas em diversas cidades da Bahia.
Em Feira de Santana, em frente a sede da Associação de Policiais e Bombeiros e seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), PMs se reuniram, na manhã de hoje, para prestar solidariedade a perda de Wesley e para mostrar que estão insatisfeitos pela forma que são tratados pelo Comando Geral da Polícia Militar e pelo governo do Estado.
O policial militar e diretor da Aspra, Paulo dos Anjos, relatou ao Acorda Cidade, que considera a morte de Wesley como uma execução e que isso pode acontecer tanto com outros policiais como com os cidadãos.
Ele frisou que o Bope realiza negociações com bandidos ao ponto de exaustão, mas que com o policial foi diferente. Na opinião de Dos Anjos, houve uma precipitação na negociação e poderiam ter sido usadas outras técnicas para conversar com o Wesley e assim ter evitado o pior. De acordo com ele, o desejo da categoria é que os responsáveis sejam punidos.
“Nós precisamos nos unir, tanto os policiais, bombeiros, como também a própria sociedade, precisamos que a apuração seja o mais isenta possível porque nós não podemos no século 21 coadunar com esse tipo de conduta. Os responsáveis precisam ser alcançados pela justiça, porque hoje o policial militar está nessa situação e amanhã pode ser o cidadão. Existem técnicas de chamar parentes, amigos e parece que quem estava à frente desconhece e inclusive o soldado e deputado Marco Prisco que representa a categoria estava no local e se colocou à disposição, mas não foi levado a frente. Essa informação não foi levada a Wesley. Não foi dado a Prisco esse direito de conversar com um colega para tentar minimizar as coisas. A gente observa que houve uma precipitação e nós precisamos de uma investigação isenta para que a verdade dos fatos, seja mostrada para a sociedade e mais uma vez a verdade não seja colocada para debaixo do tapete, precisamos da verdade e de justiça”, salientou.
O diretor da Aspra declarou que outro motivo de revolta da categoria é que o sangue do policial não foi limpo e continua no Farol da Barra. Ele comentou também que tanto colegas da Bahia, como de outros estados expressaram solidariedade a morte de Wesley.
Na manifestação que aconteceu em Feira, muitos policiais vestiram preto para demonstrar luto e deram uma salva de palmas em apoio ao PM morto.
CN | Acorda Cidade