O nível d´água no Rio Negro atingiu, no sábado (5), a maior marca já registrada em Manaus, desde 1902, quando teve início o monitoramento do volume de água. Segundo acompanhamento feito pelo Porto de Manaus, o nível do rio subiu mais 1 centímetro entre a última sexta-feira (4) e ontem, atingindo 30 metros.
Especialistas já previam que a marca seria atingida, superando o recorde anterior, de 29,97 metros, registrado em 2012 – que já tinha sido ultrapassado na última terça-feira (1), quando o nível chegou a 29,98 metros.
Já na segunda-feira (31), quando eram registrados 29,97 metros, a pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Luana Gripp Simões Alves, afirmou haver 80% de chances do nível do rio chegar aos 30 metros.
Na ocasião, a pesquisadora disse que, do ponto de vista técnico, dentro desta margem, a elevação não ocasionaria prejuízos e transtornos maiores que os já registrados – até mesmo porque, segundo ela, a eventual diferença de 3 centímetros estaria dentro da margem de erro da aferição.
“Em termos de volume d´água, o fato de o nível subir um ou dois centímetros a mais impactaria muito pouco”, disse Luana na última segunda-feira, antes de revelar a expectativa de que, considerando o comportamento das chuvas, o nível do rio se estabilize na atual marca para, em seguida, começar a baixar lentamente.
“Tudo indica que estamos passando por um processo de finalização de enchentes. Provavelmente, em termos de efeitos, a inundação que observaremos este ano é isso aí que já estamos vendo”, comentou Luana, enfatizando que, mesmo depois que o nível do Rio Negro começar a baixar, os efeitos da cheia serão sentidos por algum tempo. “Os impactos não vão cessar de um dia para o outro. Ainda demorará várias semanas, pois, no primeiro momento, a velocidade [da vazão] será lenta.”
Os efeitos aos quais a pesquisadora se refere se fazem sentir sobretudo na capital, Manaus. De acordo com a prefeitura, mais de 4 mil famílias de 15 bairros foram diretamente afetadas pela subida do nível do rio, e mais de 10 mil metros de passarelas e pontes tiveram que ser improvisadas.
Muitas as famílias cujas casas foram atingidas dependem dos benefícios assistenciais pagos pela prefeitura (R$ 600 de auxílio-aluguel, pagos em duas parcelas, e mais R$ 400 do auxílio Operação Cheia, totalizando R$ 1 mil) para recompor parte dos prejuízos.
De acordo com a prefeitura, até a última sexta-feira (4), 2.122 famílias já tinham recebido a primeira parcela do auxílio-aluguel e mais de 3,5 mil já tinham se cadastrado para receber as parcelas do benefício pago pela Operação Cheia.
Agência Brasil