O fungo da podridão vermelha – Aspergillus niger – é o mais disseminado e com maior densidade populacional nas plantações do sisal e só sobrevive bem no resíduo fresco. Por isso, é recomendada a fermentação do resíduo, para matar o fungo, antes de aplicá-lo como fertilizante.
A constatação e a solução são da equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Embrapa Mandioca Fruticultura, por meio do Edital de Apoio a Pesquisas para o Semiárido, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), que realizou estudos para obter informações sobre a doença.
A pesquisa, coordenada pelo professor Jorge Teodoro de Souza, da UFRB, encontrou também como alternativa para o controle do fungo, a aplicação de bactérias antagonistas – encontradas no próprio sisal – nas plantas para que elas possam combater o causador da podridão vermelha.
“Isolamos e crescemos a bactéria fora da planta e a colocamos em mudas antes de plantá-las”, explica Souza. A bactéria é implantada em mudas para que permaneçam sadias durante seu crescimento: “Para isso, precisamos fazer uma formulação, pois se colocarmos apenas a bactéria na planta, ela morrerá”. As bactérias são produzidas em laboratório na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz das Almas.
Divisas
A cultura do sisal é uma das poucas adaptadas às condições semiáridas do Nordeste brasileiro. No estado da Bahia, são produzidos 94% do sisal nacional, gerando anualmente cerca de 101 milhões de dólares em divisas para o país. O sisal tem uma grande importância social, pois possibilita que as famílias mais carentes do Brasil permaneçam no campo. Somente na Bahia, cerca de 700 mil trabalhadores dependem desta atividade.
Apesar do sisal ser considerado uma planta rústica e pouco suscetível ao ataque de doenças e pragas, na Bahia tem sido constatado um aumento significativo na incidência da podridão vermelha do pseudocaule do sisal, que leva a planta à morte, resultando em perdas consideráveis para os produtores. O agente causal da doença é o fungo Aspergillus niger, identificado com base em características morfológicas.
Biofábrica
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com a UFRB, está financiando um projeto de instalação da primeira biofábrica de sisal do Brasil, que funcionará em Cruz das Almas. Além de mudas melhoradas para a região sisaleira, a biofábrica produzirá espécies que servirão para produção de bioetanol, bebidas destiladas e produtos farmacêuticos.
“Juntando este projeto da Secti com o projeto desenvolvido com o apoio da Fapesb, conseguiremos evitar a podridão vermelha no sisal”, diz o pesquisador, que recebeu da fundação cerca de R$ 100 mil para o desenvolvimento das pesquisas.
Fonte: Fapesb