A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Polícia Civil de São Paulo investiga um twitter pela primeira vez. O alvo é a estudante de direito Mayara Petruso, 21 anos.
A entidade iniciou sexta-feira as apurações sobre o teor violento e discriminatório das mensagens direcionadas aos nordestinos. Se a frase “Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado” for interpretada como incitação ao crime, Mayara vai responder a processo criminal. Este é a segunda investigação que envolve a estudante. Na quinta-feira, o Ministério Público Federal anunciou que vai fazer um laudo sobre o polêmico caso.
Preconceito
Também está na mira da Delegacia de Crimes Raciais o manifesto intitulado “São Paulo para os paulistas”, que circula há meses na internet. O texto defende um controle da migração de nordestinos como solução para diminuir os índices de criminalidade e a superlotação dos hospitais de São Paulo. O manifesto já foi assinado por mais de 1.500 pessoas e, após as investigações, todas podem ser indiciadas por incitação ao racismo.
Como denunciar
Segundo a delegada Margarette Barreto, é difícil descobrir os crimes cometidos pela internet. Muitos usuários são anônimos e excluem suas contas após um delito.
Caso um cidadão se sinta ofendido com algum conteúdo, basta imprimi-lo e apresentar a polícia. No caso de Mayara, como a identificação já aconteceu, o inquérito deve ser concluído em até três meses.
Dia do Nordeste movimenta facebook
O caso Mayara provocou reações de paulistas que não concordam com o posicionamento da estudante. Um movimento virtual intitulado Dia do Nordeste ganhou ontem mais de sete mil adeptos no facebook.
A página orientava aos usuários a publicar frases, fotografias, músicas e vídeos que exaltassem os nordestinos. Na abertura, deixou clara a proposta: “Somos contra a xenofobia. Postaremos links, poesias, imagens qualquer coisa relacionada a essa maravilhosa região”.
Os participantes citaram autores como Ariano Suassuna e Jorge Amado, ressaltaram as belezas naturais e assumiram descender de nordestinos. A iniciativa foi de uma paulista de Campinas, a socióloga Mira Caetano.