O eletricista Albérico Santos Oliveira, 27 anos, natural de Santaluz, morreu vitima de uma bala perdida ás 19h de sexta-feira (26), quando voltava para casa em uma das áreas de conflitos entre a polícia e os traficantes na cidade do Rio de janeiro. Albérico estava a quinze dias no Rio de Janeiro, onde foi trabalhar em um conjunto habitacional que esta sendo construído.
Oliveira é natural do povoado de Lagoa Escura zona rural de Santaluz, situada na região de Várzea da Pedra. Os familiares estão inconformados e buscam uma forma de fazer o translado do corpo para sepultamento.
Casado, pai de uma filha de dois anos, Albérico, momentos antes de ser atingido por uma bala perdida teria conversado com a esposa pelo telefone e confessado a situação que estava “vivendo” no Rio de Janeiro e teria confessado que voltaria para Santaluz no mês de dezembro. Segundo uma pessoa próxima da esposa da vitima conhecida por Lay, quando o casal estava conversando ao celular a ligação caiu e, pela informação do horário do acidente, a família acredita que ele tenha sido atingido naquele momento.
Situação no Rio de Janeiro – Com a morte de Albérico Santos, subiu para 38 o número de vítimas fatais em consequência da troca de tiros entre a polícia e os criminosos no Rio de Janeiro, que começou no bairro de São Cristóvão, na zona norte, e terminou na zona portuária, no Santo Cristo. O número foi divulgado na noite de sexta-feira (26) no balanço oficial da Polícia Militar.
Nos seis dias de conflito, a PM diz que foram apreendidas dezenas de armas, granadas, drogas e garrafas de gasolina. Pelo menos 96 veículos foram incendiados, entre eles, vários ônibus.
O Rio de Janeiro vive uma guerra contra o tráfico. Hoje, policiais e integrantes das Forças Armadas continuam a ocupação das favelas dominadas pelo tráfico. Policiais civis, militares e federais foram alvos de disparos de traficantes na tentativa de entrar no Complexo do Alemão. As operações em morros e favelas visam acabar com a série de ataques, arrastões e incêndios em veículos.
Falar em cena de guerra não é exagero: veículos blindados da Marinha estão sendo usados nas operações. Ontem à noite, o Ministério da Defesa liberou 800 homens para reforçar os trabalhos de combate ao tráfico no Rio. Mesmo assim, os bandidos desafiam as autoridades e continuam impondo tentativas de ataques.
Entenda a onda de ataques no Rio de Janeiro –
Desde o dia 21 de novembro, ataques e incêndios em veículos assustam motoristas e moradores do Rio. Para as autoridades de segurança, as ações são uma retaliação dos traficantes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros e favelas.
Criadas há dois anos, as UPPs são centros de ocupação permanente da Polícia Militar instalados em favelas antes controladas por traficantes de drogas ou integrantes de milícias.
Um dia após o início dos ataques, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, ligaram a série de ataques à política de ocupação de favelas e à transferência de detentos para presídios federais. Beltrame já não descartava mais ataques de “traficantes emburrados” e afirmou que o Rio não mudaria sua política de segurança pública. Na ocasião, o comandante-geral da PM atribuiu a onda de violência a uma ação orquestrada por uma única facção criminosa. Os serviços de inteligência da polícia, porém, interceptaram conversas entre traficantes do Comando Vermelho e da ADA (Amigo dos Amigos) que indicavam uma união entre as facções rivais para uma mega-ação de confronto. O policiamento nas ruas foi reforçado, com os policiais colocados em estado de alerta –férias e folgas foram suspensas.
Na quarta-feira (24), um grupo de criminosos que ateou fogo a um ônibus em Vicente de Carvalho (zona norte do Rio) deixou um recado em um bilhete para a polícia: “se continuar as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) não vai ter Copa e nem Olimpíadas”. A polícia disse que o aviso foi deixado no veículo e que seria uma forma de “intimidar” as autoridades.
As primeiras operações deflagradas para impedir o confronto e coibir os ataques a veículos provocaram mortes de civis e suspeitos. Uma das vítimas foi à estudante Rosângela Barbosa Alves, 14, baleada durante confronto entre PM e traficantes na Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Atingida nas costas, a menina chegou a ser levada a um hospital, mas não resistiu.
Ainda na quarta-feira, o governador do Rio pediu ajuda à Marinha brasileira. No dia seguinte, carros blindados participaram das operações, concentradas na zona norte.
Na quinta-feira (25), 5º dia de ataques, policiais civis e militares, usando veículos da Marinha e também o Caveirão, ocuparam a Vila Cruzeiro, provocando a fuga de criminosos para o conjunto de favelas vizinho, o Complexo do Alemão.
Por Valdemí de Assis * com informações de agências