O Território Quilombola de Tijuaçu, na Bahia, tem portaria de reconhecimento do Incra publicada, nesta sexta-feira (25), no Diário Oficial da União (DOU). A publicação significa o reconhecido pelo Instituto de que a área de 8,4 mil hectares, onde vivem 828 famílias, é um território quilombola.
O Tijuaçu abrange os municípios de Senhor do Bonfim, Filadélfia e Antonio Gonçalves, situados a 450 quilômetros de Salvador. Trata-se da área com maior número de famílias beneficiadas pelo Programa Brasil Quilombolas no estado.
A portaria de reconhecimento consolida o Território Quilombola de Tijuaçu como remanescente de quilombo e dá legitimidade ao conteúdo do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), publicado em 2010. É 12ª portaria publicada que favorece territórios quilombolas baianos.
Com o reconhecimento, o Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas do Incra/BA inicia a elaboração do kit decreto, que reúne as documentações necessárias, para que a área de Tijuaçu possa ser decretada como de interesse social pela Presidência da República.
Com o decreto presidencial, o Instituto poderá iniciar o processo de arrecadação das terras públicas e obtenção de imóveis rurais e posses inseridos no perímetro. São 39 propriedades particulares e 37 posseiros.
História – O RTID do Tijuaçu conta que o povoamento do local começou com a chegada de Maria Rodrigues, mais conhecida como “Mariinha”, de origem Nagô que teria fugido de uma senzala em Salvador. Mariinha inicialmente se estabeleceu na região conhecida como Alto Bonito onde tinha uma visão estratégica da área. Mais tarde, ela teria casado com um homem de origem do Congo e deram início ao quilombo.
A oralidade e as tradições, como o samba de lata, são pontos fortes das comunidades que compõem o Território de Tijuaçu. Muitas histórias e costumes foram passados entre gerações. O samba da comunidade surgiu enquanto as mulheres caminhavam longos trechos em busca de água.
De acordo com relatório, é fácil identificar os moradores do Território de Tijuaçu. “Eles costumam ter um modo de vestir diferenciado com cabelos trançados. Utilizam torços, têm práticas lúdicas semelhantes e a religiosidade está ligada ao culto a São Benedito”, explica o documento.
Fonte: ASCOM INCRA