Forrozeiros da Bahia, entre eles Zelito Miranda e Del Feliz elaboraram um documento que foi entregue à Assembleia Legislativa para pedir a valorização de músicos e bandas baianas em festas juninas locais, além da conservação da tradição do São João.
A proposta apresentada por eles foi a criação de um Projeto de Lei que defina uma espécie de cotas para os forrozeiros do estado na hora da contratção de atrações para as festas juninas. O conteúdo do documento foi discutido por alguns artistas e e deputados em reunião no início de maio.
Segundo informações da Assembleia Legislativa, o projeto de lei já foi criado e deve ser aprovado em votação que será realizada na próxima terça-feira, dia 9. O documento é fruto de um acordo entre os líderes da bancada do governo, Zé Neto (PT), e de oposição, Sandro Régis (DEM), com o apoio do presidente do legislativo, deputado Marcelo Nilo (PDT). Após aprovação por parte dos deputados, o projeto será enviado para sanção do governador Rui Costa.
“A maior festa da Bahia não é o carnaval, que ocorre só em Salvador. É o São João, que acontece nos 417 municípios. São mais de três milhões de turistas que circulam nessas cidades. Pessoas da Bahia e de outros estados. Esse é um projeto muito importante, pois precisamos priorizar as bandas do interior e da capital”, disse Marcelo Nilo.
O presidente da Assembleia diz ainda que, apesar de o projeto ter sido criado e votado antes do São João, só deve ser possível colocá-lo em prática no próximo ano, já que muitas festas já estão com a grade de programação fechada.
Para o forrozeiro Zelito Miranda, a iniciativa surgiu da necessidade de uma organização maior em relação à contratação de bandas baianas nos eventos juninos que têm verba pública.
“Foi uma coisa que nasceu de uma necessidade mesmo que nós estamos tendo de organizar o mercado porque a gente tem exemplos como o carnaval que tem várias associações, vários órgãos que organizam, que discutem, que conversam e normatizam. Nós percebemos, todos nós forrozeiros, que é o momento da gente discutir isso”, disse.
O forrozeiro Del Feliz explica que, para ele, o mais importante é a preservação da cultura das festas juninas tradicionais.
“Para mim e para o nordeste inteiro, o São João é a festa mais importante do ano. É inclusiva e vem perdendo muito na questão referência cultural. A ideia do projeto não é criar uma barreira, não é exclusão. A ideia é justamente não permitir a exclusão da festa. Cidades disputando as apresentações mais caras. Não se fala mais em quadrilhas, quebra-pote, grupo de forrozeiros, chega a ser antagônico, incompreensível ouvir que que uma prefeitura não tem dinheiro parar contratar forrozeiros porque já gastou R$ 500 mil com alguma atração”, pontuou o músico.
Os forrozeiros tomaram como parâmetro o que já é feito em Pernambuco, explica Zelito Miranda. “Em papos informais, nós chegamos a uma experiência que existe já em Recife. A lei é que no período junino, que compreende de 1° de junho ao São Pedro, a gente crie um mecanismo para que 70% do capital investido no São João, São Pedro, Santo Antônio fique na Bahia com os artistas de forró da Bahia. Eu acho que todo mundo vai sair ganhando nisso”, afirmou o músico.
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