O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que remeta inquérito contra o ex-presidente Lula para a Justiça Federal. O processo se refere ao conteúdo da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral.
Na delação, Delcídio disse que o ex-presidente Lula tentou interferir para evitar que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Ceveró, assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. No dia 8 de abril, Lula prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) e negou as acusações.
A argumentação de Janot é que, com a cassação do mandato de Delcídio, nenhum dos denunciados no inquérito tem foro privilegiado. A decisão está nas mãos do ministro do STF, Teori Zavaski. Caso siga a recomendação de Janot, o processo envolvendo Lula vai para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Compra do silêncio
No início de maio, a Procuradoria-Geral da República denunciou Lula com base na delação de Delcídio do Amaral. De acordo com a PGR, Lula atuou “na compra do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a fim de evitar que ele assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato.
Os fatos motivaram a prisão, no ano passado, do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). A prisão foi embasada por uma gravação apresentada à PGR por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor. Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para a família de Cerveró e mais um plano de fuga para que o ex-diretor deixasse o país.