Dor muscular extrema e urina na cor preta. Esses são os principais sintomas de uma doença que já levou ao menos 9 pessoas aos hospitais de Salvador nos últimos dias e que, em casos mais graves, pode levar a insuficiência renal. À frente das investigações sobre a doença, Dr. Gúbio Soares, pesquisador do laboratório de virologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutor em virologia, afirma que a enfermidade é causada por um vírus ainda não identificado.
“Nós já sabemos que é um vírus que causa a doença, mas ainda não determinamos qual o tipo”, afirma Dr. Gúbio, que acrescenta já ter coletado amostras de pacientes, para tentar identificar o vírus. “Precisamos de cerca 10 a 15 dias para conseguirmos fazer essa identificação”.
O especialista acredita que a transmissão seja via oral, através do aparelho respiratório. Ele destaca que outro sintoma da doença é o aumento no organismo da enzima CPK, que atua na regulação do metabolismo dos tecidos contráteis, como os músculos esquelético e cardíaco.
“Teve paciente com índice de CPK de 100 mil unidades por litro de sangue, enquanto o normal é 200 unidades por litro”, falou Dr. Gúbio. “Por isso, como há risco de insuficiência renal, os pacientes devem ficar internados até a urina voltar à cor normal”, afirma.
A estudante Giovana Colavolpe, de 24 anos, foi uma das pessoas que tiveram a doença em Salvador. Ela conta que o namorado dela, Tiago Pavan, teve os mesmos sintomas, no mesmo período que ela.
“Na última sexta (9), eu senti uma dor muito forte no corpo inteiro. Começou no pescoço, foi irradiando e pegou o corpo inteiro. Eu tomei um relaxante muscular e não fez efeito, depois tomei um segundo comprimido e senti uma leve melhora. Quando acordei na manhã de sábado (10), estava ainda com dor e fui para o hospital”, conta Giovana, que relata ainda que a dor era insuportável.
“Quando você pensa em se mover, dói todos os músculos que você utiliza para fazer o movimento que você quer. É uma dor que eu não quero para o meu pior inimigo”, fala a estudante.
Segundo Giovana, ela ficou internada no hospital de sábado até a última quarta-feira (14), quando recebeu alta. O médico infectologista Antônio Bandeira diz que o tratamento é feito com hidratação e analgésico. “O paciente não deve, em hipótese nenhuma tomar anti-inflamatório, porque pode piorar a função renal”, adverte. O tempo de melhora, em média, dura três dias.
O médico afirma que a capital baiana vive um surto da doença. “É um surto. Anteriormente não tínhamos registro da doença, e agora já são 9 casos. Isso configura um surto”, diz Dr. Antônio Bandeira. De acordo com ele, dos nove pacientes confirmados, três ficaram com a urina preta e, dessas, uma paciente evoluiu para a insuficiência renal. “Apesar do quadro, a insuficiência foi temporárira e ela melhorou”, conta o médico.
Através de nota, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou que já foi notificada sobre a doença e que está investigando os casos.
Fonte: G1/Rede Bahia