Tudo o que vem ocorrendo no mundo político, sobretudo nos últimos anos, envolvendo homens públicos acusados de corrupção e manobras escusas de certos partidos políticos, tem levado muitos cidadãos à aversão ao voto. Há até certa campanha para anular o voto.
O VOTO é a arma mais poderosa que a democracia tem para garantir o bem-comum da sociedade. O perigo é a sua ambivalência, usado para o bem ou para o mal. Perigo não menor é a omissão de usá-lo para o bem, deixando-o inteiramente em mãos dos que usam para o mal. Anular o voto é fugir da luta pela ética na política. Anular o voto significa realizar a vontade dos maus políticos e punir os bons.
NÃO FALTAM em nosso Parlamento (Câmara e Senado) e nas Assembleias Legislativas pessoas de valor moral inquestionável e de competência que souberam honrar seus mandatos. Não faltam, também, bons candidatos para as próximas eleições no dia 7 de outubro. Por que então anular o voto? Votar em branco ou anular o voto corresponde à atitude de Pilatos que lavou as mãos.
VOTAR é um direito que, negado, como já aconteceu neste país, calou a justiça e sufocou a liberdade. Direito que faz sempre o país avançar na conquista da paz social. Direito que garante aos eleitores a possibilidade de escrever sua história e fazer a melhor escolha dos que nos prestarão o serviço de administrar e promover o bem comum, como é anseio de todos os brasileiros. Assim, fortalecemos nossa consciência de cidadãos.
VOTAR é um dever que precisa ser exercido para tirar do poder os maus políticos. Dever que precisa ser exercido para garantir a manutenção da democracia, da dignidade e da igualdade de cada pessoa, conquistas alcançadas com suor e lágrimas e até com a vida de tantos heróis do nosso povo.
O VOTO LIVRE de cada cidadão é sinal de maturidade e ao mesmo tempo de responsabilidade. Por isso, não vote em branco, nem anule seu voto. Vote em quem você acredita que é melhor, sem a preocupação de perder ou ganhar. Votar, e votar corretamente, dentro das normas da lei eleitoral é tão importante como rezar. A oração, sem o cumprimento dos deveres de cidadão, não agrada a Deus e perde o sentido.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito