O embaixador de Israel, Yossi Shelley, afirmou que a segurança é o ponto principal que o Brasil precisa melhorar e demonstrou confiança de que a parceria com os israelenses vai ajudar o país a superar esse problema.
“No Brasil, tudo é bom. Precisa melhorar um pouco a segurança. Um pouco e tudo vai decolar”, disse em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, no programa Impressões, que vai ao ar nesta terça (7), às 23h, na TV Brasil.
Yossi Shelley observou que, quando os turistas chegam ao Brasil, por exemplo, eles querem passear e não ter que ficar cuidando [preocupados], com medo de serem surpreendidos por algum ato de violência.
Mas o embaixador também ponderou que vê avanços no país: “vi nos jornais que a estatística (sobre segurança) melhorou em todo o Brasil”.
O diplomata destacou que Israel é conhecido como um dos países com mais segurança no mundo e avaliou que muitos projetos podem ser aproveitados aqui. Ele explicou que o enfrentamento da violência envolve recursos humanos, tecnologia e inteligência artificial.
“Antes de entrar com a força, mande um drone. Use equipamentos para seguir o bandido. A vigilância deles deve ser na base da tecnologia”, exemplificou. E completou com um alerta: “de um lado o drone ajuda, mas de outro atrapalha. Porque as facções usam também. Cada coisa de inteligência leva a outro desafio. É a contra-inteligência”.
Acordos de cooperação
Recentemente, os governos brasileiro e de Israel firmaram cinco acordos de cooperação nas áreas de defesa, serviços aéreos, prevenção e combate ao crime organizado, ciência e tecnologia e um memorando de entendimento em segurança cibernética.
Shelley destacou que, além dessa ação governamental, o setor privado também pode avançar para melhorar a segurança, principalmente porque a burocracia pode gerar entraves no setor público.
“Com governo é mais difícil. Tem regras, acordo, licitação. Mas o mercado privado está cheio de tecnologia israelense”, ressaltou.
O embaixador revelou que, em seu processo de adaptação ao Brasil, onde ele está há dois anos, a maior dificuldade que enfrentou foi justamente em relação à demora para a tomada de decisões no país.
“Nós (israelenses) tomamos decisões muito rapidamente. Se você tem uma ideia, faz. Se não consegue, faz de novo. Persistência”, ensina.
Ele disse compreender que o Brasil é muito grande, com muitos estados e orçamentos, mas complementou: “é preciso tomar decisão”. “Acho que agora o governo é mais forte para tomar decisões, vi isso em alguns ministérios”, explicou.
Para o diplomata, a eleição do presidente Jair Bolsonaro e a reeleição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vão fortalecer a relação entre as duas nações.
Segundo Yossi Shelley, seu povo tem uma dívida com o Brasil. “Chegou muito judeu aqui e sempre o Brasil foi aberto. Nós temos um débito com o Brasil. Por isso, a relação entre os dois países vai ser mais forte do que foi antes”, disse.
Apaixonado por futebol, culinária brasileira e até pelo frevo pernambucano, Yossi contou que já sente falta do Brasil até quando viaja. “Desafios o Brasil tem. Há alguns problemas aqui. Mas é um bom país”, concluiu.