.A senadora Soraya Thronicke (União-MS), candidata à presidência da República, indicou R$ 95,2 milhões em emendas parlamentares do orçamento secreto nos últimos três anos, conforme levantamento realizado pelo jornal Estado de S. Paulo. A parlamentar era aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas rompeu após discordâncias com relação à condução do governo federal durante a pandemia de Covid-19.
Além de Soraya, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) apadrinhou R$ 19,2 milhões em emendas secretas em 2020. Ela concorre ao cargo de vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), que tem classificado o orçamento secreto como o “maior esquema de corrupção do planeta” e que declara não ter recebido nenhum valor.
O orçamento secreto consiste na liberação de verbas federais para deputados e senadores sem transparência. Não é possível saber quais parlamentares o governo atendeu e quais foram os critérios para o pagamento, a não ser que eles queiram informar. O esquema começou a funcionar em 2020, com R$ 20,1 bilhões, e chega a R$ 16,5 bilhões neste ano, período de eleições.
A liberação se tornou um dos maiores escândalos do governo Bolsonaro e chegou a ser barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, mas foi destravada após reação do Planalto e da cúpula do Congresso.
As verbas são carimbadas pelo relator-geral do Orçamento no Congresso e entram em uma rubrica marcada tecnicamente como “emendas RP-9″. Formalmente quem aparece como autor da indicação da verba para determinada localidade é o relator-geral do Orçamento, mas, na verdade, a destinação dos recursos para redutos eleitorais segue pedidos feitos por parlamentares, cuja identidade não é possível verificar. O governo, por sua vez, libera o dinheiro para comprar apoio político no Legislativo.
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