Na manhã de domingo (13) a equipe do CN foi à cidade de São Domingos, onde fez uma entrevista com Josenildo Carneiro de Oliveira, 31 anos, professor e presidente do Sindicato dos Servidores daquele município. Ele abriu o “jogo” e contou tudo sobre a prisão na noite de terça-feira (08) e da manifestação popular no momento em que foi solto na sexta-feira (11). “Sempre mantive a calma e a consciência tranquila, pois eu não devia nada”, falou. O CN perguntou por que ele havia sido preso e a resposta foi curta e rápida: “não sei”.
Josenildo é o penúltimo dos seis irmãos integrante de duas famílias por parte do pai. Antes de relatar o que ocorreu, ele lembrou a vida sofrida na infância onde estudou o fundamental em uma escola mista na comunidade do São Pedro e ainda ajudava sua mãe, Mildes Carneiro em um programa de geração de renda do governo federal, produzindo brita. “Foi uma vida dura”, lembrou. Aos 17 anos se formou em Magistério em uma escola pública de São Domingos, depois cursou letras no campus da UNEB em Conceição do Coité, fez pós em linguística e atualmente é mestrando em estudo de linguagem. Este extenso currículo lhe deu a condição de não ser conduzido na parte do fundo da viatura.
A detenção
“Foi realmente um susto quando recebi a voz de prisão dos policiais civis que estavam me esperando próximo à batedeira de Martilo, no povoado de São Pedro. Não me abati, pois, sou um homem de muita fé”, pontuou. Muito determinado, professor Josenildo disse que alcança tudo que deseja e um exemplo disto é o fato de ser professor da Escola Luiz Camões, onde um dia foi porteiro.
O alvará de soltura chegou a Delegacia de São Domingos no início da tarde de sexta-feira (11) assinado pela juíza da Comarca de São Domingos, Luciana Braga Falcão Luna, o educador estava sendo acusado de aliciamento de um menor de iniciais M.J.S. R, de 15 anos e segundo a polícia foi flagrado na companhia do mesmo, no momento que foi dado voz de prisão.
Na decisão Judicial da titular do Poder Judiciário de São Domingos, ela afirma que: “analizando-se cuidadosamente o auto de prisão em flagrante e as demais peças enviadas pela Delegacia de Polícia não vislumbro efetivamente situação de flagrância ensejadora da prisão do requerente”.
“O requente estava acompanhado do menor M.J.S.R e de outras três pessoas maiores retornando da Cidade de Feira de Santana, onde passaram o dia fazendo compras de material escolar. A genitora do menor, Srª Betânia, autorizou a ida do mesmo para referida cidade em companhia do requerente, inclusive se encontrando com os mesmo lá, conforme disse em seu depoimento na Delegacia, fato confirmado pelos demais ocupantes do veículo que presenciaram o encontro de mãe e filho”.
Na decisão, a Juíza entendeu não restar caracterizada qualquer situação capaz de denotar a existência de flagrância da prática do delito de Exploração Sexual de Vulneráveis, conforme o Art. 218-B do Código do Processo Penal, em relação ao menor M.J.S., artigo esse citado pelo Delegado de Policia da Cidade de São Domingos para justificar a Prisão em Flagrante de Josenildo Carneiro de Oliveira.
Para o professor, tudo que aconteceu com ele foi um conjunto de conspirações, sustentadas principalmente por inveja e retaliações, pelo fato de sempre querer ver as coisas corretas nos locais onde trabalha. OUÇA [audio:https://www.calilanoticias.com/wp-content/uploads/2011/02/professor.mp3]
“Em outras palavras, afirmo que esse pensamento meu converge para o fato de eu ser uma pessoa carismática, que me imponho e ser aclamada por grande parte da população sãodominguense e por inúmeras pessoas dos municípios vizinhos. Por isso, não resta dúvidas que tudo não passou de uma tentativa inescrupulosa de abater a minha moral e a minha índole. Mas a minha vitória, sob os olhos de Deus, veio à tona, e muito rapidamente”, falou Oliveira.
Ele disse também que a sociedade sãodominguense está fazendo uma avaliação quanto ao fato ocorrido, desde terça- feira (08), e já aponta alguns motivos e autorias para com o fato ocorrido. Segundo Josenildo Oliveira, caso a situação de ataque a ele continue, a Justiça apreciará e tomará as devidas providências. “Mais em uma coisa eu concordo que a sociedade esteja correta: uma rede de idéias maléficas e sem sentido existe com o objetivo de denegrir, sem razões plausíveis, a minha imagem. E eu me apegarei a sociedade, a qual sempre me acolheu e confiou na minha dignidade e no meu profissionalismo: pessoas comuns, empresários, alunos, pais de alunos, colegas de trabalho, autoridades de todos os tipos etc”, afirmou.
“Imagine uma pessoa com a minha ocupação social ser detido, num flagrante por Exploração Sexual de Vulnerável que, sob a ótica sapiente e imparcial da Juíza da Comarca de São Domingos, não existiu, como mostra a transcrição fiel da decisão Judicial nesta matéria do Calila Noticias”, desabafou.
O pedido de relaxamento de prisão foi solicitado pelos advogados de defesa, Danilo Pinheiro Carvalho e Rafael Rios.
Relação de amizade com a familiar do jovem e a prisão – De acordo com o professor, o relacionamento com a família do menor é a melhor possível. Começou com um ato de solidariedade a uma pessoa que estava doente, depois com acompanhamento da vida escolar de M.J.S. “e ao longo do tempo, passamos a nos considerar da mesma família”, afirmou.
Ele contou que o M.J.S. ficou em sua casa na noite de segunda-feira (07), pois sairiam cedo para Feira de Santana e a avó do menor conhecida por Dona Mara, onde ele iria dormir, toma remédios controlados e não podia ser incomodada cedo. “Por sugestão da mãe de M., foi que ele veio dormir em minha casa e isto não tem nada de mais, pois somos amigos”. contou.
Na terça-feira, ao chegar a Feira de Santana, o professor se encontrou com a mãe do menor e passaram todo o dia fazendo compras juntos. “Inclusive estavam conosco o secretário geral do Sindicato, Cledison Carneiro Rios e a tesoureira Maria Renilda Vieira Lima”, detalhou.
A noite, ao saber do corrido, a mãe do menor, Betânia Maria de Jesus Souza Rios, 35 anos, disse que ficou revoltada pelo ocorrido e na manhã de quarta-feira (09) prestou depoimento na delegacia e contou que tudo que estavam acusando Josenildo era mentira e não passava de inveja, pois ele é uma pessoa de boa índole. Enquanto falava ao CN, Betânia chorava em sinal de revolta pelas acusações que estava sendo vítima seu “grande amigo”, assim o chamou. OUÇA [audio:https://www.calilanoticias.com/wp-content/uploads/2011/02/bet.mp3]
Aliados do professor acham que pode ter sido armação – Josenildo está a frente do sindicato dos funcionários públicos municipais a dois mandatos, ou seja, quatro anos. “As pessoas que foram me visitar na cadeia chegava desesperadas e eu mantive a calma a todo tempo. Eu dizia a elas que ao invés delas me darem força, eu é que estava dando forças para elas. Todos acham que foi uma armação. De quem, eu não sei. Sinceramente eu não sei o que aconteceu e porque fui preso”, finalizou.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas