É mês de junho e deliciosas iguarias degustadas pelos baianos durante as festas juninas, como bolo de milho, de aipim, canjica, pamonha, amendoim, mingau, milho assado ou cozido, são preparadas a partir de produtos cultivados por agricultores familiares, como o jovem casal Maria de Fátima de Jesus Costa Santos e José Domingos Silva dos Santos, produtores de milho na comunidade de Panelas, no município de Fátima, Território de Identidade Semiárido Nordeste II. O território se destaca na produção de milho pela agricultura familiar, no estado, com uma área plantada de mais 136 hectares, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2015).
Além do milho, o casal ainda cultiva, em seu quintal produtivo, feijão, hortaliças, variedades de frutas e amendoim, e cria ovinos e aves. A família é atendida pelo serviço de assistência técnica e extensão rural (ATER), do Governo do Estado, por meio da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), unidade da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e executada pela Associação Regional de Convivência Apropriada ao Semiárido (Arcas). A entidade foi selecionada na chamada pública da Bahiater, em 2015, para prestação de serviços de ATER, em comunidades rurais do Semiárido Nordeste II.
Maria de Fátima destaca a importância da ATER, que modificou a sua forma de produção. “Antes, a gente não tinha o conhecimento sobre agrotóxicos e apesar de não usar veneno, fomos ainda mais incentivados a não utilizar. A assistência técnica mudou o nosso modo de plantar, de criar os animais, na construção do aprisco e favoreceu a diversificação e o aumento da produção”. O aprisco é resultado de um projeto que inclui a cisterna de 2ª água, que conta com a parceria da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
O técnico em Agropecuária, Onofre das Virgens Santana, que atende as comunidades de Panelas, Araçás, Serra Velha e Pau de Colher, no município de Fátima, faz o acompanhamento das famílias beneficiárias, com visitas técnicas, capacitações, orientações e encaminhamentos para acesso a outras políticas públicas.
Santana avalia os primeiros resultados do projeto de ATER, nessas comunidades, depois de um pouco mais de um ano de trabalho. “Nós conseguimos ver que as políticas públicas como as do acesso à Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP/Pronaf) e Garantia-Safra são tão importantes para os agricultores, quanto a realização de intercâmbios e capacitações de ATER, para a implantação de um sistema voltado para a produção agroecológica, de preservação do meio ambiente”, destaca.
Por fim, o técnico em agropecuária externa o apreço em realizar um trabalho de orientação na produção rural: “A minha sensação em perceber que houve melhoria para o agricultor, por estar colocando em prática aquilo que ele foi orientado, tanto na pecuária, quanto na agricultura, na sua propriedade, é muito gratificante”, conta Onofre Santana.
Perfil da agricultura familiar
Segundo o Censo Agropecuário do IBGE (2006), a agricultura familiar é responsável por 77% dos alimentos que chegam à mesa das famílias baianas. A atividade responde por 44% de tudo que se produz na agropecuária do Estado, com o Valor Bruto da Produção (VBP) anual de R$ 3,74 bilhões, além de ser responsável por 81% da mão de obra das famílias no campo.
Os agricultores familiares são organizados por meio de associações e cooperativas. Industrializam e comercializam a produção nos diversos segmentos de mercado, como feiras livres municipais e programas governamentais, a exemplo dos programas nacionais de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE), além de outros mercados nacionais e internacionais.